Faculdade Leão Sampaio
Curso de Odontologia
Turno: Manhã
Disciplina: Genética e Evolução
Professor: Dr. Flávio Furtado de Farias
Aluna: Siberi dos Santos Meneses
EMENTA:
II – Dados do Entrevistado: Prof. Msc. Marcos Morris.
“O Professor Marcão é doutorando em Fisiopatologia Médica pela Faculdade de Ciências da Saúde (UnB) e Mestre em Gestão de Solo e Água pela Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (UnB). Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de Brasília e Ciências Biológicas pelo Centro Universitário de Brasília. Leciona Biologia para o Ensino Médio e Pré vestibular desde 1999, tendo experiência em diversos vestibulares e PAS, sendo, atualmente, professor de Biologia (Ensino Médio e pré vestibular) do colégio DinatosCOC (Brasília – DF)”. Fonte: http://www.professormarcao.com.br/perfil Acessado em 15 de maio de 2011, às 17h.
III – Metodologia da Entrevista: Contato através de correio eletrônico. Entrevista datada de 16 de Maio de 2011.
1. Professor, o por que de o Senhor ter escolhido essa linha de pesquisa, Genética Médica?
A área da Genética, por si só, sempre me despertou bastante interesse. Desde minha primeira graduação buscava sempre trabalhar, como estagiário, na área de genética. Inicialmente, estive mais voltado para uma área de genética de plantas do que genética humana propriamente dita. Contudo, minha história com a genética médica teve início no final de 2008, durante uma conversa com uma professora que tive durante a graduação. Posso falar que foi graças a este “bate papo” informal que resolvi ler mais a respeito da genética Médica. Nestas leituras percebi que tratava-se de um ramo presente em praticamente todas as áreas da medicina, campo que sempre me despertou muita paixão. Além disso, era de uma relevância ímpar para muitas famílias. Por exemplo, através de uma avaliação de uma criança com suposto distúrbio genético podemos, como geneticistas, elaborar todo um histórico familiar e, com isso, praticarmos o que chamamos de aconselhamento genético, prática de extrema importância para muitas famílias. Com as informações reunidas podemos, juntamente com a família do paciente, determinar riscos de novas mutações e auxiliar em possíveis opções de tratamento ou até mesmo em decisões com fins reprodutivos. Com isso, comecei a elaborar um projeto específico nessa área e resolvi, definitivamente, tentar ingressar, através de processo seletivo, para seleção para o doutorado. Em 2010 prestei a seleção e desde então estou cursando está área.
2. E qual a importância da sua pesquisa no campo prático?
O meu projeto tem por objetivo buscar e identificar novos genes envolvidos na etiologia do Retardo Mental, com indicação de herança ligada ao X. Embora o quadro conhecido como Retardo Mental (RM) possa ser provocado por fatores etiológicos como fatores ambientais, genéticos ou uma combinação dos dois (multifatorial), o RM, segundo Tarpey, et al., 2009 (A systematic, large-scale resequencing screen of X-chromosome coding exons in mental retardation. Nature Genetics 41(5):535-43) também pode ser ocasionado por anomalias cromossômicas, como deleções, duplicações ou aneuploidias que afetam genes múltiplos, bem como pela mutação de um único gene podendo apresentar caráter autossômico dominante ou recessivo ou, ainda, ser uma doença ligada ao cromossomo X. No campo prático, a partir de um determinado conjunto de dados obtidos com a pesquisa, poderemos sugerir genes candidatos ao RM localizados no cromossomo X e, assim, tentarmos compreender melhor suas possíveis alterações.
3. Dentre as novidades genéticas observadas na sua pesquisa, qual delas o Senhor entende ser a mais benéfica para a humanidade?
Em relação a minha pesquisa a própria identificação de possíveis genes que, quando mutados causem RM já se torna, em minha opinião, uma novidade genética benéfica. O retardo mental ligado ao X, denominado XLMR, é subdividido nas formas sindrômica e não sindrômica. Pesquisas recentes mostram que ao menos 140 formas de XLMR sindrômicas já foram descritas, sendo que para aproximadamente metade destas o defeito genético foi identificado. Entretanto, a maior parte dos casos de XLMR não são sindrômicos. E, nestes casos, temos que menos da metade dos genes relacionados foram identificados. Ou seja, a identificação de novos genes trará como dito anteriormente, uma melhor compreensão de suas alterações.
4. Professor existe literatura abrangente acerca da sua linha de pesquisa ou o Senhor é um dos pioneiros?
Existe sim. Posso citar diversos autores aqui. Na última atualização de genes relacionados ao XLMR, publicado no artigo intitulado XLMR genes: Update 2007. European Journal of Human Genetics 16: 422-434 (2008, Chiurazzi,et al.), conhecia-se 82 genes de retardo mental ligado ao X mutados em pelo menos uma família com XLMR. A busca pela identificação de mais genes de XLRM tem sido constante no meio científico.
Complicado falar. A genética é um ramo muito diversificado. Creio que, para aqueles que estão ingressando agora, o melhor é buscar sempre se informar com profissionais dos diversos ramos da genética. Busquem profissionais no meio acadêmico e fora dele. Caso desperte um interesse maior por certa área, busque um estágio para conhecer melhor. Lá, ficará mais fácil de perceber se realmente é uma área de interesse ou não.
Muito bem, Siberi. A sua entrevista está muito boa, dá até pra sentir a presença do entrevistado. Um bate-papo bem informativo. E taí realmente um campo que pode ajudar muitos as pessoas e a sociedade. Afinal, os problemas relativos à saúde mental estão bem presente em nosso cotidiano.
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